Belíssimo livro. vale a pela ser lido por estudiosos de ciências políticas, professores, mestrandos e doutorandos, e por pessoas envolvidas com o governo de países, pelos conceitos a respeito da seleção e formação de soldados e pela fundamental importância das forças armadas corretamente formadas para garantir os regimes democráticos.

Segue artigo do Jornalista Ivan Santos, do jornal "Correio de Uberlândia", publicado em 11/11/2001, com o título de "Relatório do Milico Rodrigues".

Li, num impulso, o livro do milico Rodrigues, ou melhor, as “Memórias do Soldado Rodrigues”, trabalho escrito pelo ex-deputado federal constituinte, Luiz Alberto Rodrigues. Este político exemplar é de Uberlândia e foi fiel escudeiro do ex-governador Hélio Garcia. O livro, escrito na primeira pessoa, é um relato biográfico do conscrito Rodrigues e da participação dele como soldado recrutado pelo Serviço Militar Obrigatório. Rodrigues foi designado para “servir” na Guerrilha do Araguaia, entre 1969 e 1970. O livro é severa crítica contra o recrutamento militar obrigatório e o uso de conscritos em operações de guerra ou de guerrilhas. No livro, Luiz Alberto Rodrigues comentou, após experiência própria, que “o Exército prepara oficiais superiores de alto nível, no melhor padrão internacional, em suas excelentes academias militares, forma também sargentos de gabarito em escolas especializadas, mas utiliza recrutas como soldados em certas missões difíceis abrindo mão de criar batalhões de combatentes profissionais; assim corre o risco de se transformar num gigante de aço com pés de barro”. E explicou: “A diferença entre soldados profissionais e recrutas bem treinados está na maturidade e na escolha pessoal consciente dos conscritos. O Exército é um time, uma equipe que precisa ser a mais homogênea possível nos seus diversos setores funcionais, pois um elo mais fraco pode comprometer irremediavelmente o desempenho de setores de excelência”.

Recrutamento

No livro, o autor critica também a seleção médica de soldados para o Serviço Militar Obrigatório sem a assistência de um psicólogo que levante o perfil mental do recruta. No caso da utilização de conscritos no combate à guerrilha do Araguaia, a crítica foi ainda mais contundente e repleta de observações que levam a reflexões:

Opinião

“Na minha opinião, em 1969-70, o fato de selecionar e treinar recrutas para lutar contra terroristas revolucionários regidos por motivação ideológica dogmática foi um ato de temeridade do Exército.” Para Rodrigues, “o Exército deveria escolher para as missões os melhores homens, aptos tanto do ponto de vista físico quanto do psicológico”.

Crítica

O livro é um relato do cumprimento, pelo recruta Rodrigues, das obrigações de soldado no serviço militar obrigatório. As descrições do ambiente do quartel e do relacionamento entre comandantes e subordinados é um relato real da vida de um soldado na caserna e também uma crítica contundente contra o Serviço Militar Obrigatório. (Coluna do jornalista Ivam Santos no Correio de Uberlândia).